sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dia dos Professores - Eduacadores

Oração retirada do site do Padre Marcelo:


Oração do Professor

Dai-me, Senhor, o dom de ensinar,
Dai-me esta graça que vem do amor (Ágape).
Mas, antes do ensinar, Senhor,
Dai-me o dom de aprender.
Aprender a ensinar.
Aprender o amor de ensinar.
Que o meu ensinar seja simples, humano e alegre, como o amor.
De aprender sempre.
Que eu persevere mais no aprender do que no ensinar.
Que minha sabedoria ilumine e não apenas brilhe
Que o meu saber não domine ninguém, mas leve à verdade.
Que meus conhecimentos não produzam orgulho,
Mas cresçam e se abasteçam da humildade.
Que minhas palavras não firam e nem sejam dissimuladas,
Mas animem as faces de quem procura a luz.
Que a minha voz nunca assuste,
Mas seja a pregação da esperança.
Que eu aprenda que quem não me entende
Precisa ainda mais de mim,
E que nunca lhe destine a presunção de ser melhor.
Dai-me, Senhor, também a sabedoria do desaprender,
Para que eu possa trazer o novo, a esperança,
E não ser um perpetuador das desilusões.
Dai-me, Senhor, a sabedoria do aprender.
Deixai-me ensinar para distribuir a sabedoria do amor (Ágape)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ressentimento e mágoas

Queridos leitores, sei que esse não é um assunto agradável, mas deveria ser prioridade de Saúde Pública, pois muitas pessoas ficam doentes por causa disso. Li há pouco tempo o livro: Comer, Rezar e Amar, e que me chamou a atenção a frase: "O ressentimento faz com a alma a mesma coisa que o fumo faz com os pulmões; até uma única tragada faz mal", é exatamente isso, como ex-fumante sei bem o que isso significa e também o seu contrário com a desintoxicação, se alguém fuma perto de mim, já me sinto desconfortável com a fumaça do cigarro, a mágoa faz a mesma coisa, corrói nosso espírito, fazendo mal a todo nosso ser físico, atrapalhando que as bençãos que Deus tem reservada para cada um, possa nos conduzir para tudo de maravilhoso, pois temos direito a nossa herança, Ele é nosso Pai, e, assim, atrapalhamos o canal da Graça, com pré-julgamentos; porque é muito mais fácil apontar os erros dos outros, do que olhar para dentro do nosso ser, aonde tem muita sujeira acumulada que nos espanta e nos faz recuar de medo. Atrapalhamos também com os ressentimentos que guardamos por anos, sendo que isso só prejudica a gente mesmo. É importante recorrer a paz de espírito, como uma música que gosto muito diz: Hoje eu só procuro a minha paz...é o que há de mais precioso que podemos encontrar, não há nada comparado com o sentimento de ter o coração limpo e a mente livre de toda negatividade advinda desses padrões de pensamento, que provocam doenças, atraem coisas ruins para nossa vida. É difícil, mas não impossível. Temos que constantemente procurar nossa felicidade, antes de mais nada, pois só assim poderemos completar o outro, sem nos amar, não saberemos nos doar e amar a mais ninguém, filhos, namorados, maridos, pais, amigos, ninguém...
Vivemos uma vida egoísta, que só suga, e não dá nenhum benefício, pois todo relacionamento deveria ser baseado em trocas, principalmente de respeito, de amizade, carinho, gratidão, compreensão, fraternidade, enfim, todos os sentimentos bons, não essa mesquinharia que rola pelo mundo afora.
Tenho analisado a minha vida, e vejo muitos erros que quero cada dia mais corrigir e liberar perdão constantemente, e pretendo todo dia em que levantar da cama, antes de mais nada agradecer a Deus por mais um dia em busca Dele e da felicidade e paz e ter como propósito de só por hoje não abrigar em minha mente pensamentos que não forem saudáveis para mim, porque como a alimentação deve ser balanceada e equilibrada com elementos que nos façam bem, que ativem o nosso organismo, os pensamentos também devem nutrir a nossa alma com tudo de bom.
Finalizo com uma frase: "Tudo que é bom dura o tempo suficiente para se tornar inesquecível!"

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Poesia de Carlos Drumond sobre o holocausto na Alemanha Nazista


Visão 1944

Meus olhos são pequenos para ver
a massa de silêncio concentrada
por sobre a onda severa, piso oceânico
esperando a passagem dos soldados.

Meus olhos são pequenos para ver
luzir na sombra a foice da invasão
e os olhos no relógio, fascinados,
ou as unhas brotando em dedos frios.

Meus olhos são pequenos para ver
o general com seu capote cinza
escolhendo no mapa uma cidade
que amanhã será pó e pus no arame.

Meus olhos são pequenos para ver
a bateria de rádio prevenindo
vultos a rastejar na praia obscura
aonde chegam pedaços de navios.

Meus olhos são pequenos para ver
o transporte de caixas de comida,
de roupas, de remédios, de bandagens
para um porto da Itália onde se morre.

Meus olhos são pequenos para ver
o corpo pegajento das mulheres
que foram lindas, beijo cancelado
na produção de tanques e granadas.

Meus olhos são pequenos para ver
a distância da casa na Alemanha
a uma ponte na Rússia,
onde retratos, cartas, dedos de pé bóiam em sangue.

Meus olhos são pequenos para ver
uma casa sem fogo e sem janela
sem meninos em roda, sem talher,
sem cadeira, lampião, catre, assoalho.

Meus olhos são pequenos para ver
os milhares de casas invisíveis
na planície de neve onde se erguia
uma cidade, o amor e uma canção.
Meus olhos são pequenos para ver
as fábricas tiradas do lugar,
levadas para longe, num tapete,
funcionando com fúria e com carinho.

Meus olhos são pequenos para ver
na blusa do aviador esse botão
que balança no corpo, fita o espelho
e se desfolhará no céu de outono.

Meus olhos são pequenos para ver
o deslizar do peixe sob as minas,
e sua convivência silenciosa
com os que afundam, corpos repartidos.

Meus olhos são pequenos para ver
os coqueiros rasgados e tombados
entre latas, na areia, entre formigas
incomprensivas, feias e vorazes.

Meus olhos são pequenos para ver
a fila de judeus de roupa negra,
de barba negra, prontos a seguir
para perto do muro - e o muro é branco.

Meus olhos são pequenos para ver
essa fila de carne em qualquer parte,
de querosene, sal ou de esperança
que fugiu dos mercados deste tempo.

Meus olhos são pequenos para ver
a gente do Pará e de Quebec
sem notícias dos seus e perguntando
ao sonho, aos passarinhos, às ciganas.

Meus olhos são pequenos para ver
todos os mortos, todos os feridos,
e este sinal no queixo de uma velha
que não pôde esperar a voz dos sinos.

Meus olhos são pequenos para ver
países mutilados como troncos,
proibidos de viver, mas em que a vida
lateja subterrânea e vingadora.

Meus olhos são pequenos para ver
as mãos que se hão de erguer, os gritos roucos,
os rios desatados, e os poderes
ilimitados mais que todo exército.

Meus olhos são pequenos para ver
toda essa força aguda e martelante,
a rebentar do chão e das vidraças,
ou do ar, das ruas cheias e dos becos.

Meus olhos são pequenos para ver
tudo que uma hora tem, quando madura,
tudo que cabe em ti, na tua palma,
ó povo! que no mundo te dispersas.

Meus olhos são pequenos para ver
atrás da guerra, atrás de outras derrotas,
esta imagem calada, que se aviva,
que ganha em cor, em forma e profusão.

Meus olhos são pequenos para ver
tuas sonhadas ruas, teus objetos,
e uma ordem consentida (puro canto,
vai pastoreando sonos e trabalhos).

Meus olhos são pequenos para ver
esta mensagem franca pelos mares,
entre coisas outroras envilecidas
e agora a todos, todas ofertadas.

Meus olhos são pequenos para ver
o mundo que se esvai em sujo e sangue,
outro mundo que brota, qual nelumbo
- mas vêem, pasmam, baixam deslumbrados.


Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)